quinta-feira, 28 de julho de 2011



"Sem horas e sem dores. Respeitável público pagão. 
Bem vindo ao Teatro Mágico!"

Foi assim: um misto de música, poesia, muita alegria e um tanto mais de outras coisas. O tom e as palavras davam arrepio. Um arrepio bom, que saia de dentro e se espalhava por todo o corpo. Foi como se o tempo parasse e a felicidade tivesse se acomodado ali dentro do meu peito decidida a nunca mais sair. Só havia o doce e não mais solidão. Eu sentia energias boas exalar de todos os cantos. As únicas coisas perceptíveis eram sorrisos, palhaços, cantos, versos, encantos e poemas misturando sonhos com realidade. Tudo isso me deu uma fé, uma energia, uma força, sei lá. No fundo, tudo se fundia e todas as coisas que eu precisava estavam bem ali, na minha frente, juntos, numa coisa só, como mágica.

"Que o teu afeto me afetou é fato!"

segunda-feira, 25 de julho de 2011



   A pior parte era apenas acreditar que houvesse alguma explicação para não deixar se transformar em ilusões tudo aquilo que acreditei. Mas já não tenho mais que pensar em tudo, nem procurar respostas. Decidi que o melhor mesmo seria não perguntar. E quando tomei a decisão me voltei para o mundo e sorri, e recomecei a andar. O importante era não me deixar fincar. Porque é isso que temos que fazer quando se descobre que. Então olhei novamente o mundo, vi nossa imagem presa em algum momento do passado, sorri para nós e continuei andando. A sensação de tolice me atingira completamente, e só assim para conseguir explicar o fato. E foram tantas mudanças, tantas pessoas, tantos medos, angustias e incertezas. A minha única vontade era dizer alguma coisa a respeito, mas não disse. Só continuei a andar. Tranquei dentro de mim tudo o que passava em minha mente. Espero com destreza o momento certo de esquecer. E fui ao encontro de mim, sorrindo cada vez mais forte. E não tornei a olhar para trás. Aprendi com Caio F., que se olhasse para trás, incompleta partiria. - Então não olhei, só sorri.

"Vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de
 amar demais, de querer demais, de esperar demais.
Dessa minha mania tão boba de amar errado. 
Seja feliz." (Caio F. Abreu)



sexta-feira, 8 de julho de 2011


 
   Não era mais verão, mas o calor dentro deles não havia mudado muito desde o dia em que se conheceram naquela tarde quente. O que havia mudado era a forma como se aqueciam. O calor não era mais apenas trabalho do sol fornecer. A chama acesa dentro do peito deles esquentava-os facilmente, aquecia a alma. E bastava apenas uma palavra, um olhar, um sorriso, um aconchego, para que se tornasse cada dia mais forte e quente.

"Quem se importa com o frio, quando o calor no coração, é mais forte do que qualquer preocupação?" (O Teatro Mágico)

  Tudo parecia estar contra eles; as pessoas, os lugares, o trânsito, o trabalho, a distância, até o vento parecia conspirar contra. Mas o amor? O amor não estava. E somente isso importou.

"Diz, quem é maior que o amor?" (Los Hermanos)

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Escrevo para mim, escrevo para ti.

  Escrevo para tentar externar o que sinto. Escrevo porque gosto. Vendo-me perdida em pensamentos sinto a comoção de sentimentos passando pelos dedos. As palavras fluem. Elas começam meio tímidas, meio tortas. Sem saber aonde ir, tampouco aonde chegar. Vão se juntando umas com as outras e, de repente, um adverbio, um pronome pessoal, um verbo, adjetivo. E tão logo uma frase, uma oração, um período. As palavras são assim; camuflam muito. Mas quando percebemos estão lá a espedaçar a estrutura dos sentimentos. Sinto a emoção subir sem parar a superfície da pele e dos olhos. Sinto o peso das palavras saírem de mim, levando cada pedacinho que incomoda. Suportando muito, suportando tudo. Até que.


terça-feira, 5 de julho de 2011


Meu nome é saudade; o seu sentimento de hoje, amanhã será meu. Às vezes sou má, mas prefiro ser boa. Eu ando com os seus dias bons. Ando com as memórias da sua infância, com os seus amores passados, com suas amizades perdidas, até com as coisas que não aconteceram. Eu me alimento das horas deixadas para trás, dos sorrisos, das tristezas, dos devaneios. Vivo de lugar em lugar, nos resquícios dos seus dias, nas marcas do seu coração. Alguns não querem me encontrar, outros vivem a me amar. Sou o que sobrou na mente, a cicatriz que corrói. Tenho aspecto de abraço, gosto de beijo e cheiro de despedida. Sou os restos do “eu te amo”, a companhia nas noites de solidão. Sou a melhor e a pior parte do ontem. Sou você em lembranças.

Confesso, eu sinto. Sinto falta, angustia, vontade de voltar. Eu deveria ter aproveitado mais, ter ficado mais tempo, ter dado um nó mais seguro. Sinto bem forte em meu peito, quase sempre dói, essa saudade. Me sinto só.

Só você agora seria a solução.



domingo, 3 de julho de 2011


"Volte e invente uma despedida, vamos fingir que tivemos uma."
(Joel Barish)

  Eu não quis ir embora, não quis me afastar. Você me obrigou a isso. Não com palavras, mas com gestos, que valem muito mais. O que saia da sua boca era contrario do que o seu corpo fazia. Não fui eu que fantasiei sentimentos. Era tudo real, tudo verdadeiro. Mas teu silêncio e tua frieza me faziam acreditar que só havia verdade em mim. Minha realidade se misturou com sua fantasia, e eu não podia mais ver claramente. Não sei quem criou a idéia ilusória de que tudo daria certo no final. Não sei se fui eu que acreditei demais que poderia sim ser diferente, ou se foi você quem acreditou que poderia sim se entregar. Mas tudo parecia tão bem. Nós não sabíamos exatamente o que precisávamos, mas tínhamos certeza do que queríamos. Eu queria você, você me queria. Bastava.
Mas não bastou. A gente ia levando, quando dava se encontrava. E ai passou pra, quando dava a gente se falava. Depois pra, quando dava mandava noticia dizendo que estava vivo. Começou a não ter mais querer, vontade e muito pouco jeito. Ficou assim: pouco carinho, pouca atenção e muita dúvida. Doía. Mas tua voz, teu olhar o teu querer me faziam esquecer tudo. Eu aqui, sempre entendendo, sempre tentando ser compreensiva. Se estava bom para você, estava bom para mim. Se você estava bem, eu também estava. Mas isso começou a incomodar. E eu? Quantas vezes você se importou de verdade se eu estava mesmo bem ou não? E tudo começou a se perder.  
É que o gostar vai diminuindo com o tempo. Se não é cultivado com carinho, com afeto, se não é cuidado, vai morrendo, morrendo, morrendo... e quando vê, não sobra mais nada. Confesso que quando deito de noite ainda penso em você, que às vezes quando o celular toca ainda me vem à mente que talvez seja você ligando. Dizendo que nada mudou que está tudo como no começo. Que você se afastou por um tempo, mas ainda pensa em mim todo dia, que ainda fala de mim para seus amigos, que sonha comigo de vez em quando e que não vê a hora de me encontrar. Só que não é assim. E vai diminuindo, diminuindo, diminuindo...
Eu não minto. Ainda te quero de volta. Só que “mais do que querer você de volta, eu ME quero de volta”. Mas eu perdi. Perdi o meu sorriso quando ouvia tua voz, quando lia suas palavras. Perdi minha cara boba quando recebia uma mensagem sua. Perdi meu olho brilhando quando falava de você. Perdi o meu coração batendo forte com o seu toque. Perdi um pedaço grande, doeu, mas como diz Caio: nem morri.


Ainda to te querendo. Mas esperar?
 Esperar passou do meu limite.